Sunday, January 20, 2008

Greve dos argumentistas

A 5 de Novembro de 2007 a associação dos argumentistas norte americana deu início a uma greve que dura há mais de dois meses e que promete ainda dar muito que falar.

Esta é uma greve que, à semelhança do que aconteceu em 1988, se prende com a remuneração dos argumentistas e com o futuro da indústria de entretenimento. Em 1988 a WGA (Writers Guild of America - Associação de Argumentistas Americana) entrou em greve por quererem uma percentagem das receitas com as cassetes de vídeo, um mercado então ainda por explorar mas com um grande potencial.

Actualmente a indústria de entretenimento vê-se novamente perante um novo mercado emergente, a Internet. Numa sociedade que vive em torno deste meio de comunicação (como é que os nossos pais conseguiam viver sem ela?) a aposta dos argumentistas é de que o mercado de distribuição de DVD's ou qualquer outro meio físico será ultrapassado pela Internet, um meio no qual os argumentistas não recebem qualquer remuneração (mais aqui).

Após algumas negociações falhadas, uma entidade externa tomou um partido que provavelmente irá ditar o sucesso dos argumentistas. O sindicato de actores resolveu (por ter os seus interesses alinhados) apoiar os grevistas - pagar mais aos argumentistas poderá também levar a aumentos salariais dos actores.

A minha previsão é de que esta greve esteja acabada antes da cerimónia dos óscares e os termos do desfecho serão muito favoráveis aos argumentistas, porquê?

  • Em relação ao timming: (i) passarem-se 4 meses sem se ter chegado a um acordo parece-me muito (ii) as pessoas estão a ficar impacientes - querem continuar a ver as suas séries de eleição e não reposições (iii) os argumentistas não podem, na sua grande parte, ficar tanto tempo sem trabalhar (iv) a indústria está a perder milhões de dólares a cada dia que passa;
  • Quem irá ganhar: (i) os argumentistas têm apoiantes de peso, como o são os actores, que lhes legitimam as reivindicações (ii) a sua coesão é de tal forma grande que fez impediu a festa dos globos de ouro (novamente com o apoio dos actores).
Sobre a questão em geral penso que este é um caso complicado porque se por um lado as produtoras estão a ganhar muito dinheiro com os sucessos televisivos por outro são elas que enfrentam os principais riscos de a série produzida não ter sucesso e são elas além do seu nome dão o dinheiro para que as séries aconteçam.

Fica portanto a pergunta que deverá ser respondida aquando da assinatura do contrato que terminará com esta greve: Qual é o equilíbrio que recompensa o risco que as produtoras têm e o excelente trabalho dos argumentistas?

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