Saturday, October 27, 2007

Quem compra quem?

Esta quinta-feira, dia 25 de Outubro, sucedeu algo muito curioso... O banco BPI fez uma proposta de fusão ao BCP, uma proposta que se diz amigável.

Recuando um pouco no tempo verificamos que desde há um ano para cá o BCP tem dado vários "tiros no pé":

(i) Tentativa falhada de compra do BPI;

(ii) Um sistema de contagem de votos que falha em momentos cruciais;

(iii) Guerra entre as duas cabeças do BCP - Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto;

(iv) O recente caso do empréstimo ao filho do Presidente do Conselho de Supervisão e fundador do Banco Jardim Gonçalves.

A juntar-se a isto existe algo curioso, o aumento de força negocial que o BPI tem vindo a ganhar: superou a tentativa de compra do BCP, apresenta resultados robustos, uma estrutura accionista estável e uma equipa de gestão sólida.

Acresce ainda o facto de que Jardim Gonçalves já disse, há algum tempo atrás, que via com bons olhos uma eventual fusão entre os dois bancos... ou seja o cenário já estava montado, faltava apenas um dos bancos dar o primeiro passo, e as circunstâncias ditaram que fosse aquele que, neste momento, se encontrava mais forte.

Era minha opinião que tal não iria acontecer - e continuo a pensar que é um pouco prematuro - tinha a ideia de tal acontecer apenas quando as acções do BCP caíssem abaixo dos € 3, tornando-se muito mais apetecíveis e a diminuírem a margem de manobra dos accionistas.

A proposta realizada pelo BPI é chamada de fusão amigável, termo teoricamente definido como ambas equipas de gestão concordam que a fusão das sociedades será benéfica para os respectivos accionistas. Se assim é somos logo confrontados com a pergunta, qual foi o envolvimento da equipa de gestão do BCP? Pergunta que o BPI já respondeu ao afirmar que apenas uma pessoa do BCP teve conhecimento da notícia na noite anterior, o próprio Jardim Gonçalves.

Segundo o documento entregue à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários, pelo BPI, pode-se constatar que esta proposta não está amadurecida e foi realizada à pressa... o texto não se encontra justificado, não está bem escrito (pequenos detalhes que fazem a diferença) e apresenta alguns pontos incríveis, como por exemplo 31 Membros num Conselho de Administração!

Por isto e a acrescer às reacções já demonstradas, creio que no futuro imediato o BCP não irá repudiar a proposta que tem em cima da mesa, mas sim fazer uma contraproposta em termos que lhe sejam mais favoráveis, nomeadamente em relação ao preço proposto e quanto à nomeação da equipa de gestão.

Se a fusão avança ou não dependerá mais das cedências realizadas por cada um dos lados do que da própria vontade (que é notória haver nas equipas de gestão).

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