Saturday, September 01, 2007

Muita energia

Soube que a partir de hoje os preços de electricidade baixam em 3,1% até ao final do ano. Aparentemente uma excelente notícia para os portugueses, mas será mesmo?

Curiosamente em Outubro do ano passado a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) através do então Presidente, Jorge Vasconcelos, falava de aumentos nos preços da electricidade para 2007 a uma escala assombrosa, para cima de 15%, mas agora até reduz os preços... o que pode ter evoluído para que tal aconteça?

Aliás em Março o actual Presidente da ERSE, Vítor Santos, afirmou que o aumento de produção de energias renováveis "vai ter impactos negativos nas tarifas eléctricas", encarecendo-as a curto prazo. (Fonte: Diário de Notícias).

O electricidade em Portugal apresenta duas peculiariedades:

(i) Parte da nossa electricidade é paga directamente dos nossos bolsos, a outra indirectamente (através dos nossos impostos);

(ii)É um mercado fortemente regulado.

Para que as oscilações de preços da electricidade não sejam tão gravosas para o país, a ERSE, uma entidade "independente", dita quais serão os preços que se vão verificar.

Acontece que os preços da electricidade são inferiores aos custos de produção, ou seja, custa mais produzir um MegaWatt do que o que nós pagamos por ele... e como é que as empresas conseguem sobreviver? através da ajuda do Estado, o chamado défice tarifário... o Estado por meio dos impostos (ou apenas daqueles que pagam...) dá dinheiro às empresas produtoras de energia.

Desde logo surgem duas perguntas: será justo o leitor pagar a conta dos outros? Se consumimos tanta energia de uma forma ineficiente, qual a razão para que se continue a manter preços artificiais, induzindo um aumento do consumo?

A electricidade é uma arma política muito sensível... tão sensível que o Governo têm-na sob controlo de uma entidade que se diz independente, mas que no final de contas está sujeita às vontades políticas, só assim se justifica que por duas vezes consecutivas o Presidente da ERSE diga uma coisa para depois se vir a verificar outra totalmente diferente.

P.S.- O facto de Jorge Vasconcelos se ter demitido é novamente algo que comprova a necessidade de controlo que o Governo tem. (quem tiver curiosidade ver aqui um resumo do que disse aquando da sua demissão)

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