Sunday, September 30, 2007

Outro exemplo de integridade

Em Junho passado houve uma jornalista norte-americana, Mika Brzezinski, que se recusou a fazer da saída da prisão da Paris Hilton a "notícia" de abertura, tendo inclusivamente rasgado o respectivo texto que cobria a "notícia" (ver aqui).

Por ser um exemplo digno de ser seguido, acabei o artigo (1 de Julho de 2007) a escrever: "Em Portugal, onde o conteúdo dos telejornais nem sempre é o melhor, penso que faria falta uma (ou mais) pessoas como Mika Brzezinski."

Esta semana esse mesmo exemplo, veio de alguém que eu não esperava, Pedro Santana Lopes (PSL). A meio de uma entrevista na Sic Notícias, a jornalista responsável interrompeu a entrevista para dar cobertura à chegada de Mourinho ao aeroporto de Lisboa.

Quando a interrupção acabou, PSL num acto de decência recusou-se a continuar a entrevista, dando uma lição de moral e de conteúdo ao jornalismo português (ver aqui).

Pode-se argumentar que PSL goste de fazer estes teatros, ou que acertou nesta e falhará nas próximas 5, mas o facto é que acertou nesta e como tal, pelo menos este exemplo deve ser tido em consideração.

Espero que esta atitude seja interpretada como uma necessidade de alguns jornalistas e editores melhorarem a qualidade dos serviços prestados.

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Prognósticos...

Esta Sexta feira os militantes do PSD decidiram o seu líder, a pessoa que presumivelmente irá concorrer ao cargo de primeiro-ministro em 2009.

Ao contrário do que muitos analistas esperavam, o vencedor foi Luís Filipe Menezes... porém esses mesmos analistas não se coibiram de dizer que já tinham ponderado essa hipótese e que havia sinais que apontavam nesse mesmo sentido.

Compreendo que voltar atrás nas suas opiniões e reconhecer que estavam enganados pode ser um golpe na sua credibilidade de comentador, porém prefiro estar a ouvir uma pessoa séria e que reconhece as suas falhas nas previsões que fez (ninguém consegue acertar sempre)... mas talvez sejam poucas as pessoas que preferem ouvir verdades.

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Saturday, September 22, 2007

Ginásios...

O que mais me perturba no ginásio são os balneários, não que eles sejam maus em si, que não são, mas antes as pessoas que os utilizam.

Passo a explicar:

Quando eu deposito as minhas coisas no cacifo tenho o cuidado de não ficar junto de nenhum outro cacifo que já tenha um cadeado. Isto porque se existe um cadeado então é porque alguém já está a ocupar aquele espaço.

Aparentemente existem pessoas que pensam de maneira contrária... por algum alguma razão desconhecida existem pessoas que quando confrontadas com uma fila de cacifos e apenas um deles tiver um cadeado elas vão querer ficar mesmo ao lado desse cacifo.

Mas isto cada cabeça sua sentença... se há uns que gostam de ter o seu próprio espaço, outros há que gostam de se sentir apertados...

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Wednesday, September 19, 2007

Espirros e constipações

Recentemente os mercados financeiros têm andado agitados… apesar de se saber o que causou a recente crise, ninguém tem a certeza porque motivo teima em não desaparecer, arrastando consigo instituições financeiras.

Após as baixas das taxas de juro nos Estados Unidos, as pessoas começaram a investir no mercado imobiliário (casas e terrenos) e os bancos foram baixando os níveis de exigência relativamente ao crédito concedido. Porém após os aumentos verificados nas taxas de juros, as famílias mais endividadas não conseguiram enfrentar este aumento de encargos, tornando-as incapazes pagarem as suas dívidas.

Apesar de simples, este é um problema que afecta todo os países, isto porque hoje em dia, além das economias estarem todas interligadas, os próprios bancos podem vender e comprar os empréstimos uns dos outros. Ou seja o que começou por ser um espirro vindo da América pode muito bem tornar-se numa constipação a nível mundial.

Os bancos que investiram neste tipo de créditos enfrentam alguns problemas por não conseguirem reaver o seu dinheiro, curiosamente, ou não, as pessoas como não são parvas começam a pensar se o dinheiro que está no seu banco está realmente seguro ou não. Dessa reflexão resultam apenas duas respostas: sim ou não.

Se o banco for seguro então não existe problema, mas se não for, então cada pessoa quererá reaver o seu dinheiro o mais rapidamente possível, mesmo que isso acarrete algumas perdas (é melhor ter pouco do que nada).

Este tipo de comportamento origina uma corrida aos bancos, como foi o caso do 5º maior banco em Inglaterra, o Northern Rock, levando a que estes tenham de pedir emprestado dinheiro (porque não conseguem devolver o dinheiro a todos os seus clientes de uma só vez) ou de começar a vender os seus activos a preços independentemente do preço, provocando uma quebra nos mercados (e um efeito em cadeia nada engraçado para quem tem dinheiro investido neles).

A resolução do problema de liquidez dos bancos parece-me ser simples, embora possa colocar uma questão bastante pertinente: haver uma entidade responsável (Banco Central) que empreste dinheiro a uma taxa baixa (se os bancos conseguirem devolver o dinheiro aos depositantes, então não haverá uma corrida aos bancos).

Claro que este tipo de medidas é um forte incentivo a que os bancos aumentem a sua exposição ao risco, afinal de contas se existe uma almofada de protecção, porque razão não contar com ela? Este é um claro ponto contra esta medida, porém levanta-se a questão, quem é que pretende ter problemas de liquidez e perder clientes?

Apesar de se poder saber quais os remédios para as economias pararem de tossir ou espirrar, a cura para a constipação ainda falta ser encontrada, pois ainda não se sabe muito bem como a razão pela qual subsiste.

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Monday, September 17, 2007

Efeito Borboleta

Há quem acredite e há quem seja céptico em relação à teoria do caos, esta diz que todos os acontecimentos, por mais insignificantes que possam parecer, estão relacionados. Como exemplo máximo desta teoria é-nos dito que se uma borboleta bater as suas asas na Europa irá provocar um tufão na América Latina.

O preço do trigo tem vindo a atingir máximos históricos, custando actualmente cerca de duas vezes mais que há um ano atrás, apesar de parecer algo que não nos afecta, a verdade é que se trata de um assunto verdadeiramente preocupante.

Lembro-me de há uns anos ter caído o Carmo e a Trindade por o preço do pão ter aumentado, a autoridade da concorrência até foi chamada para investigar o que se estava a passar. Contrariamente ao que era noticiado, a causa do aumento do preço do pão de então não se devia a uma subida internacional dos preços, ou ao aumento das margens das industrias transformadoras, mas sim de um acordo entre as empresas do sector.

Actualmente o caso é muito mais grave e é expectável uma nova subida dos preços do pão, devido ao crescimento exponencial do preço do trigo… em Itália onde a farinha subiu perto de 100% em menos de dois meses registou-se uma greve (não comprar pasta), a qual teve um efeito mais simbólico do que real, mas com resultados admiráveis.

A razão apontada para esta subida de preços no mercado internacional prende-se com a insuficiência da produção. A produção mundial de trigo é insuficiente para responder às crescentes necessidades da indústria de biodiesel, ou ao aumento súbito das necessidades cerealíferas dos países.

A União Europeia já teve de intervir do lado da oferta, ao aumentar a área de cultivo... no entanto continuo com algumas perguntas:

(i) Até chegar a época da colheita, como se está a pensar resolver o problema?

(ii) Será que compete à União Europeia resolver a situação?

P.S.- É incrível como algumas borboletas podem provocar tufões económicos…

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Mais vale prevenir…

Na semana passada, por duas vezes, a SAS parece ter tido problemas com os trens de aterragem de aviões da Bombardier. Após dois acidentes seguidos sem se registarem feridos, alguns passageiros já com assento reservado têm vindo a cancelar os seus voos na SAS, uma atitude que custa cerca de um milhão de euros por dia à empresa.

Existe uma um princípio da gestão apelidado de “Total Quality Management”, que de modo geral se ocupa da qualidade do trabalho que cada um desenvolve. Interessante ver como alguns dos seus princípios, por mais básicos que pareçam, sejam frequentemente negligenciados:

(i) Fazer o trabalho bem da primeira vez poupa tempo;

(ii) O trabalho realizado deve ser inspeccionado

(iii) A qualidade deve ser a principal preocupação de uma empresa.

A fraca qualidade dos aviões felizmente não causou vítimas, porém as consequências financeiras adivinham-se graves (como se tem verificado). Já diz o ditado, mais vale prevenir do que remediar…

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Sunday, September 16, 2007

Desporto em Português

Contrariamente ao que muitos se parecem ter esquecido, Portugal produz uma grande quantidade de atletas de uma qualidade fenomenal. Porém apenas nos lembramos do desporto que foi apelidado de rei, o futebol.

Chega a ser injusto este esquecimento popular, ainda mais quando esses mesmos atletas passam por sacrifícios tão grandes ou mesmo maiores que os futebolistas e que no entanto conseguem tão bons ou melhores resultados...

Temos uma excelente selecção de hóquei em patins, futebol de praia, até conseguimos ser a primeira selecção amadora a ir ao Mundial de Rugby... isto sem contar com os ilustres representantes portugueses em desportos individuais: Vanessa Fernandes, Telma Monteiro, Francis Obikwelu, Naide Gomes, Nelson Évora, entre tantos outros.

É verdadeiramente incrível os sacrifícios que eles passam sem terem acesso aos elevados apoios que são dados aos futebolistas, mas que no entanto tantas alegrias nos dão e nos fazem sentir ainda melhor por sermos portugueses.

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Saturday, September 08, 2007

E-Government

Portugal foi considerado o 7º melhor país no governo electrónico, num estudo divulgado pela Universidade de Brown.

É bom saber que o Governo tem vindo a melhorar os serviços públicos e a modernizar-se, mas ainda melhor é saber que o plano tecnológico que deliniou está a ter resultados práticos e visíveis.

Gostava apenas que o mesmo empenho que o Governo mostra em conseguir um progresso tecnológico, também se reflectisse em outras matérias igualmente necessárias ao desenvolvimento de um país: educação, justiça e saúde.

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Jogos violentos

Após ter sido derrotado nos tribunais por tentar proibir o acesso de jogos com conteúdos violentos a menores de 18 aos, o actual Governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, irá recorrer da decisão.

Concordo em absoluto com a decisão do juiz e até com as suas palavras:

"Não existe evidência de que os videojogos, [..] sejam mais prejudiciais do que televisão, filmes sites de Internet ou discursos com conteúdos violentos. [...] embora alguns profissionais respeitados mostrem preocupações sobre o assunto, não existe um estudo que reúna o consenso geral." Fonte aqui

Na minha curta experiência de vida nunca ouvi falar de alguém morrer por lhe ter sido atirado uma consola ou um computador, mas já ouvi falar de pessoas que foram mortas por crianças com uma arma nas mãos... talvez o problema da violência dos Estados Unidos resida noutro sítio que não nos videojogos, até porque quando os videojogos chegaram aos Estados Unidos estes já registavam casos de mau comportamento juvenil.

P.S.-Não deixa de ser irónico que uma pessoa que se tornou conhecido pela sua participação em filmes violentos esteja a actuar como líder de uma cruzada contra os jogos com conteúdos violentos.

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Saturday, September 01, 2007

O caso BCP

Começo por pedir desculpa por introduzir um tema que já foi amplamente discutido na praça pública, mas que não posso deixar passar, o BCP.

Considero que Jardim Gonçalves teve muito mérito em criar o BCP e respeito-o bastante por isso, porém considero que recentemente o seu comportamento tem sido tudo menos correcto.

Quem deve mandar numa empresa são as pessoas que detêm a empresa, não um Conselho quer seja ele de Administração ou de Supervisão. São os accionistas que devem delegar a responsabilidade de administração das empresas, ou neste caso dos bancos, não quem está na cadeira do poder...

Infelizmente o que se tem vindo a verificar no BCP é que um antigo líder se retirou, mas ao mesmo tempo não se retirou, está mas não está... quer mandar, mas não quer aparecer, quer fazer, mas quer estar nos bastidores e que alguém faça por ele.

Este tipo de comportamento não é conciliável nem aceitável para um banco da dimensão do BCP... as pessoas que controlam o BCP não são os accionistas (será que alguma vez mandaram?), mas sim quem está agarrado à cadeira e perante este cenário inquiro se alguém está disposto a investir no BCP no longo prazo.

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Muita energia

Soube que a partir de hoje os preços de electricidade baixam em 3,1% até ao final do ano. Aparentemente uma excelente notícia para os portugueses, mas será mesmo?

Curiosamente em Outubro do ano passado a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) através do então Presidente, Jorge Vasconcelos, falava de aumentos nos preços da electricidade para 2007 a uma escala assombrosa, para cima de 15%, mas agora até reduz os preços... o que pode ter evoluído para que tal aconteça?

Aliás em Março o actual Presidente da ERSE, Vítor Santos, afirmou que o aumento de produção de energias renováveis "vai ter impactos negativos nas tarifas eléctricas", encarecendo-as a curto prazo. (Fonte: Diário de Notícias).

O electricidade em Portugal apresenta duas peculiariedades:

(i) Parte da nossa electricidade é paga directamente dos nossos bolsos, a outra indirectamente (através dos nossos impostos);

(ii)É um mercado fortemente regulado.

Para que as oscilações de preços da electricidade não sejam tão gravosas para o país, a ERSE, uma entidade "independente", dita quais serão os preços que se vão verificar.

Acontece que os preços da electricidade são inferiores aos custos de produção, ou seja, custa mais produzir um MegaWatt do que o que nós pagamos por ele... e como é que as empresas conseguem sobreviver? através da ajuda do Estado, o chamado défice tarifário... o Estado por meio dos impostos (ou apenas daqueles que pagam...) dá dinheiro às empresas produtoras de energia.

Desde logo surgem duas perguntas: será justo o leitor pagar a conta dos outros? Se consumimos tanta energia de uma forma ineficiente, qual a razão para que se continue a manter preços artificiais, induzindo um aumento do consumo?

A electricidade é uma arma política muito sensível... tão sensível que o Governo têm-na sob controlo de uma entidade que se diz independente, mas que no final de contas está sujeita às vontades políticas, só assim se justifica que por duas vezes consecutivas o Presidente da ERSE diga uma coisa para depois se vir a verificar outra totalmente diferente.

P.S.- O facto de Jorge Vasconcelos se ter demitido é novamente algo que comprova a necessidade de controlo que o Governo tem. (quem tiver curiosidade ver aqui um resumo do que disse aquando da sua demissão)

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