Sunday, October 28, 2007

A solidão dos nossos dias

Numa sociedade em que uma pessoa tem cada vez menos tempo para si própria, torna-se difícil encontrar alguém com quem partilhar partes da nossa vida (dar um passeio, ver um filme, ou mesmo apenas alguém com que conversar).

Talvez por isso a recente evolução da forma como os contactos são feitos... claro que ainda há os meios mais comuns para se conhecer pessoas, como eventos sociais da vida de cada um de nós, porém a verdade é que este meio parece estar a vir a ser parcialmente substituído por outros.

A Internet é agora um meio muito difundido para fazer novas amizades. O Messenger, Skype, Hi5 são alguns dos métodos encontrados por pessoas que procuram mais do que aquilo que a sua rede de amigos lhe faz aceder.

A par destas novas ferramentas tecnológicas, têm vindo a surgir novas abordagens, como o speed dating ou ainda mais recentemente Skydating. O funcionamento é fácil, juntar várias pessoas e fazer com que elas interajam entre si durante um breve período de tempo com o objectivo de lhes ser dada uma oportunidade de conhecerem novas pessoas, sem quaisquer compromissos.

Este tipo de situações, a meu ver, apresentam o seguinte paradoxo: quanto mais ligados estamos ao Mundo, menos tempo temos para nos afeiçoarmos a ele e de conseguirmos estabelecer uma verdadeira ligação.

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Saturday, October 27, 2007

Quem compra quem?

Esta quinta-feira, dia 25 de Outubro, sucedeu algo muito curioso... O banco BPI fez uma proposta de fusão ao BCP, uma proposta que se diz amigável.

Recuando um pouco no tempo verificamos que desde há um ano para cá o BCP tem dado vários "tiros no pé":

(i) Tentativa falhada de compra do BPI;

(ii) Um sistema de contagem de votos que falha em momentos cruciais;

(iii) Guerra entre as duas cabeças do BCP - Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto;

(iv) O recente caso do empréstimo ao filho do Presidente do Conselho de Supervisão e fundador do Banco Jardim Gonçalves.

A juntar-se a isto existe algo curioso, o aumento de força negocial que o BPI tem vindo a ganhar: superou a tentativa de compra do BCP, apresenta resultados robustos, uma estrutura accionista estável e uma equipa de gestão sólida.

Acresce ainda o facto de que Jardim Gonçalves já disse, há algum tempo atrás, que via com bons olhos uma eventual fusão entre os dois bancos... ou seja o cenário já estava montado, faltava apenas um dos bancos dar o primeiro passo, e as circunstâncias ditaram que fosse aquele que, neste momento, se encontrava mais forte.

Era minha opinião que tal não iria acontecer - e continuo a pensar que é um pouco prematuro - tinha a ideia de tal acontecer apenas quando as acções do BCP caíssem abaixo dos € 3, tornando-se muito mais apetecíveis e a diminuírem a margem de manobra dos accionistas.

A proposta realizada pelo BPI é chamada de fusão amigável, termo teoricamente definido como ambas equipas de gestão concordam que a fusão das sociedades será benéfica para os respectivos accionistas. Se assim é somos logo confrontados com a pergunta, qual foi o envolvimento da equipa de gestão do BCP? Pergunta que o BPI já respondeu ao afirmar que apenas uma pessoa do BCP teve conhecimento da notícia na noite anterior, o próprio Jardim Gonçalves.

Segundo o documento entregue à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários, pelo BPI, pode-se constatar que esta proposta não está amadurecida e foi realizada à pressa... o texto não se encontra justificado, não está bem escrito (pequenos detalhes que fazem a diferença) e apresenta alguns pontos incríveis, como por exemplo 31 Membros num Conselho de Administração!

Por isto e a acrescer às reacções já demonstradas, creio que no futuro imediato o BCP não irá repudiar a proposta que tem em cima da mesa, mas sim fazer uma contraproposta em termos que lhe sejam mais favoráveis, nomeadamente em relação ao preço proposto e quanto à nomeação da equipa de gestão.

Se a fusão avança ou não dependerá mais das cedências realizadas por cada um dos lados do que da própria vontade (que é notória haver nas equipas de gestão).

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Sunday, October 21, 2007

Tiques de autoritarismo

Recentemente, numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, o novo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, aparece com uma frase contraditória:

"Defendo um partido distendido e aberto em que cada um deve dizer o que pensa. Um partido aberto, distendido, onde tudo se possa dizer - bom, e depois existe quem manda, quem lidera. Todos esses ruídos parasitas de fundo desaparecem quando a liderança se afirma. Se daqui a um ano existir esse ruído de fundo é porque eu não fui capaz de me afirmar"

Ou seja se por um lado temos alguém que defende um sistema aberto, no qual as pessoas devem expor as suas ideias livremente, por outro pretende afirmar a sua liderança, e através da pior maneira, fazendo calar a oposição... isto é algo que considero grave em qualquer situação e particularmente grave quando é o líder de uma grande força política.

Porém, curiosamente, esses "ruídos parasitas" já parecem ser bem vindos e o papel de liderança esquecido no que toca a "bater" no Governo, onde o acusa de "desconforto democrático" e de "cerceamento de liberdades".

Creio que tanto o Governo como o actual líder do principal partido da oposição padecem do mesmo mal... ambos acreditam que a boa liderança se revela na falta de oposição.

A grande força da democracia é todos poderem expor as suas ideias para que a melhor possa vingar, num ambiente de transparência e rigor... pena que os actuais líderes políticos tenham deixado de acreditar nela.

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Saturday, October 20, 2007

O desafio dos mares

Apesar de Portugal ser um país que conheceu o seu período áureo, quando se voltou para o mar tornando-se uma das mais importantes potências mundiais, a verdade é que o desleixo fez com que perdêssemos muito do que alcançámos...

Grande parte do sangue e suor dos nossos antepassados foram desperdiçados em luxos desnecessários, negligênciando-se a importância de ter uma economia assente em mais do que um pilar ou de conseguir que as vantagens conseguidas se perpetuem.

Ultimamente tem havido uma corrente que critica este facto e sugere a aposta no mar como uma das prioridades nacionais. Nesta corrente eu estou incluído, penso que Portugal deverá olhar para os seus recursos marítimos como uma mais valia e como um triste fado (curioso contraste, porque na nossa época áurea, o que é agora um triste fado era visto como uma benção dos Ceús).

Creio que é apenas falta de visão, porque o que alguns vêem como obstáculos outros vêem oportunidade...

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Monday, October 08, 2007

Pouco Estudo?

Curiosamente cada vez mais se ouve dizer que os portugueses estudam cada vez menos, e que deveriam estudar mais... mas será realmente verdade?

Sempre fui um grande adepto de que para se conseguir fazer algo bem feito, não devemos dedicar mais tempo mas antes fazer melhor, ser mais eficiente a conseguir os resultados. Porém consegue-se chegar lá pelas duas maneiras...

Recentemente saiu um estudo (ver gráfico aqui e a fonte original aqui) que indica que os estudantes universitários portugueses são aqueles que mais tempo se dedicam ao estudo (aulas e tempo na biblioteca)... algo incrível!

Ou seja em vez de se continuar a insistir numa lógica de esforço, dever-se-ia antes investir na eficiência... estudar melhor, ganhar bons métodos de trabalho. É que quando se está no mercado de trabalho, esses métodos de trabalho fazem muita falta!

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1 ano de existiência

Faz hoje um ano que dei início a este blog. Fí-lo com a intenção de comentar alguns assuntos que vão sucedendo na nossa sociedade, tanto a nível nacional como internacional.

Após um ano de existência creio ter cumprido com o que me comprometi, fazer comentários tão fundamentados quanto me seja possível e tão precisos quanto eu consigo ser.

Por fim, mas não menos importante, uma palavra de agradecimento a todos os amigos deste blog que me foram acompanhando ao longo deste ano, são vocês que me incitam a continuar a escrever... Muito Obrigado!

Futscher

Friday, October 05, 2007

Uma frase infeliz...

Existem pessoas que têm muito azar... e o nosso actual Ministro da Economia, Manuel Pinho, parece ser uma delas. Esta semana Pinho brindou-nos novamente com uma das suas pérolas, ao afirmar que não irá aumentar os preços da electricidade por forma a que as empresas eléctricas aumentem os seus lucros.

Primeiro que tudo parece-me importante notar que em Portugal existe um regulador do mercado da electricidade, a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos), mas novamente dá a sensação que nada decide: é tempo de perguntar que raio é que eles estão ali a fazer se acabam por não conseguirem decidir sobre nada e as suas opiniões ignoradas...

Depois custa-me a crer que alguém que se quer bem informado sobre os assuntos sobre os quais delibera, diga tamanhas barbaridades...

As eléctricas recebem dinheiro de duas formas: pelos consumidores e pelo Estado. Pelos consumidores através da factura que lhes é feita chegar e pelo Estado (como os preços cobrados aos consumidores são inferiores ao custo de produção o resto da factura é remetida para o Estado).

Por isso independentemente da forma como lhes é paga a electricidade, as empresas ficam sempre a ganhar, mas será mesmo assim?

Se o Governo decidir aumentar o preço da energia então estará a caminhar no sentido de uma sociedade mais justa, onde cada um paga o que gasta e não o que os outros gastam. Curiosamente além de termos uma sociedade mais justa, também teremos uma sociedade que consome menos energia porque se torna mais consciente dos custos associados ao seu consumo.

O não aumentar os lucros das eléctricas passa então pelo livre funcionamento do mercado, ou seja, precisamente o contrário do que o Ministro está a fazer, talvez fosse uma boa ideia colocá-lo na ERSE... Se o Governo gosta tanto de contrariá-la, ao menos desta vez, se Manuel Pinho lá estivesse, poderia ser que as decisões tomadas fossem mais acertadas.

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Frases contraditórias?

Esta semana Alan Greenspan, antigo presidente da Reserva Federal Norte Americana (Banco Central dos Estados Unidos da América), referiu que o pior já passou, porém afirma calcula existir uma probabilidade entre 30 a 50% de se verificar uma recessão nos Estados Unidos em 2008...

A menos que a actual conjuntura seja pior do que a recessão, não percebo porque razão afirmou que o pior já passou quando existem fortes probabilidades de uma recessão num futuro próximo. Estarei a ver bem a coisa?

Consigo encontrar apenas uma justificação para esta contradição: os discursos de Alan Greenspan são, por norma, confusos e obscuros e difíceis de perceber, tão difíceis que o próprio chegou a gracejar que se alguém percebesse o conteúdo dos seus discursos, então provavelmente teria percebido mal...

P.S.- Fica por perceber a lógica de dizer coisas que só o próprio as consegue interpretar...

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