Friday, June 29, 2007

Verificar as fontes...

Algo que eu tento sempre fazer é confirmar as minhas fontes de informação, saber se estas são credíveis... isto evita duas coisas: não formar uma opinião com base em informações erróneas; não propagar informação falsa.

Recentemente uma contratação do Ministério da Justiça tem sido alvo de críticas nomeadamente: o grau de parentesco entre a assessora e o ministro; o elevado salário pago pelo Estado à pessoa em causa.

A pessoa em causa é a Dra. Susana Isabel Costa Dutra que foi contratada para a manutenção da página de internet do Ministério da Justiça. Após alguma investigação verifico que:

  • Segundo o comunicado do ministério da justiça, a acusação da pessoa em causa ser filha do actual ministro não tem razão de ser (há mais Marias na Terra);

  • Não se consegue averiguar a veracidade do salário da Dr. Susana Dutra, embora o ponto 5 do documento acima referido sugira que o valor em causa é de facto verídico. (Embora se afirme que o salário pago a esta pessoa é mais vantajoso do que o montante pago à empresa que anteriormente efectuava o mesmo trabalho, a ser verdade este salário, só posso concluir que o anterior contrato estava mal negociado).
O erro de não verificar a veracidade das fontes é bastante comum nos dias que correm e infelizmente muitas vezes somos vítimas dessa desinformação. (Um efeito bastante visível em alguns blogues.)

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Super Bock Super Rock

Ontem fui ao Festival Super Bock Super Rock, algo novo para mim, foi a primeira vez que marquei presença num festival de música...

Houve duas actuações que me levaram a comprar o bilhete: Joe Satriani e Metallica.

Joe Satriani confirmou porque razão é considerado dos melhores guitarristas da actualidade enquanto os Metallica explicaram, em palco, como se conseguiram impor no Mundo da Música.

Performance aparte, houve duas coisas que claramente falharam ontem no evento:
  • Falta de entradas (impedindo um acesso mais fácil das pessoas ao recinto);
  • Falta de sítios para comer dentro do próprio recinto (havia apenas um sítio e este estava muito mal organizado - nota: sítios para beber era o que não faltava, não fosse este um festival Super Bock).

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Tuesday, June 26, 2007

O ópio do Afeganistão

Infelizmente o Afeganistão tem sido conhecido por factores pouco favoráveis, este é recordado pela sua ligação com o presumível autor dos ataques às Torres Gémeas e pela sua quota de produção de ópio.

Segundo um inquérito realizado aos agricultores em 2005 num estudo das Nações Unidas , as razões apontadas para produzir o ópio eram:

- o elevado preço do ópio (quando comparado com outras produções) 42%; necessidades pessoais 34%; Elevada procura 24%.

Já as principais razões (várias respostas eram admissíveis) para não se produzir:

- Receio de ser expropriado (70%); Medo de ir para a prisão (40%); Proibido pelo Islão (31%);

No mesmo documento encontramos um gráfico que mostra a evolução da produção de ópio no Afeganistão. Verificamos que em 2001 esta sofreu um queda abrupta, as razões são óbvias: o ataque às torres gémeas virou os holofotes da cena internacional para o Afeganistão e juntando-se à intervenção americana o resultado não poderia ser outro que não a queda vertiginosa da produção de ópio.

Actualmente cerca de 90% do ópio Mundial é produzido no Afeganistão, uma situação que é atribuída a 3 factores:

- Falta de projectos económicos viáveis que melhorem as condições de vida da população;

- Fraco empenho em lutar contra a produção de ópio;

- Região propícia à produção.

Infelizmente a intervenção americana apenas produziu efeitos passageiros na produção do ópio, revelando uma falta de empenho na actual situação afegã... o fraco empenho político no Afeganistão irá prolongar as fracas condições de vida dos seus cidadãos, e como diz o ditado popular "quem semeia ventos, colhe tempestades".

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Sunday, June 17, 2007

Falar com Plantas...

Quem nunca ouviu dizer que falar com as plantas ajuda-as no crescimento?

Penso que nunca ninguém conseguiu reunir dados suficientes para comprovar a veracidade desse mito.

Uma das justificações avançadas é o facto de que quando falamos libertamos dióxido de carbono, uma componente essencial para o crescimento das plantas, as plantas ficariam mais expostas ao dióxido de carbono e como tal acelerando o seu crescimento.

Apesar de tal afirmação fazer sentido, parece que ainda não existem provas de que tal relação existe... Recentemente encontrei uma resposta que me parece mais plausível.

E se em vez de procurarmos uma explicação científica procurássemos uma mais "terrena"?

É normal que as pessoas mais dedicadas às plantas sejam aquelas que mais falem com as plantas. Ao falarmos bastantes vezes com as plantas significa que gostamos delas, damos-lhes atenção e cuidamos do seu bem-estar.

Quando cuidamos mais de algo é normal que este se torne "melhor" do que as restantes que não têm tanto da nossa atenção, neste caso concreto que se desenvolvam melhor!

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Saturday, June 16, 2007

Uma questão de energia

Li esta notícia e fui verificar a fonte, porém apenas consegui encontrar os dados de 2005 (aqui, necessário carregar o ficheiro excel de 1.4 megas).

O que a notícia refere é que cada cidadão português consumiu, em média em 2006, cerca de 12 barris de petróleo e refere ainda uma ineficiência de 60% da utilização desse recurso.

Após uma breve investigação verifico que:

(i) em termos comparativos Portugal é realmente ineficiente em transformar energia em riqueza, (até estamos abaixo da Eslováquia...);

(ii) A nossa dependência do Petróleo é realmente elevada (mais de 60% da energia consumida em 2006 era proveniente do Petróleo).

Parece que o problema da produtividade portuguesa não se resume apenas aos trabalhadores, o mesmo acontece em matéria de energia. Isto é particularmente grave se virmos que a electricidade electricidade em Portugal é cerca de 15% mais cara do que a média dos 25 países que em 2005 pertenciam à União Europeia (dados de Janeiro 2006) e que o dinheiro dos nossos impostos anda a ser sugado pelo Governo para manter o "défice tarifário", basicamente pagamos duas vezes o nosso desperdício (atenção que não sou contra o "défice tarifário", penso que promove a equidade social).

Saliento, no entanto, três pontos bastante positivos:

(i) É cada vez mais frequente ver as pessoas a preocuparem-se com este tema;

(ii) O alerta que está a acontecer para a necessidade de usar as energias renováveis (um fenómeno bastante visível por toda a Europa);

(iii) A campanha de eficiência energética protagonizada pela EDP e não só (dando dicas aos consumidores para poupar electricidade).

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Tuesday, June 12, 2007

E agora?

A 29 de Maio de 2005 iniciou-se um novo capítulo da construção europeia, com o não francês à constituição europeia (seguida de duas semanas mais tarde pelo não holandês), um capítulo que poderia intitular-se “e agora?”

Não é a primeira vez, e certamente não será a última, que a Europa dá um passo atrás no seu processo de construção. Os exemplos do projecto de defesa europeu, da política da cadeira vazia, entre outros, mostram que a Europa teve a “capacidade de encaixe” necessária e ânimo para encontrar soluções à altura dos seus problemas.

Para que servia a constituição europeia?

O projecto da constituição de então mudava o processo de decisão, a representatividade da Europa face ao exterior (Ministro dos Negócios Estrangeiros Europeu) e reforçava alguns poderes e princípios consagrados em Tratados anteriores.

Esta constituição, no meu entender, poderia melhorar (ainda que marginalmente) o funcionamento da União Europeia, conferindo-lhe um pouco mais de poder e autonomia. Admito no entanto que este texto não resolveria o défice democrático existente na União Europeia…

Porque se votou contra?

As justificações mais fundamentadas e convincentes estavam mais relacionados com questões laterais ao objecto de votação. O descontentamento das populações face à situação europeia da altura e questões internas foram as mais aceites… creio no entanto que foi a falta de representatividade das populações nas decisões importantes europeias e de soluções que a Constituição apresentava que fez a mesma voltar para trás.

E agora?

Agora, a fim de resolver este impasse desnecessariamente criado, pretende-se fazer uns ajustes ao texto que se chamou de Constituição e passá-lo não através das populações directamente, mas antes pelos representantes que cada Estado Membro elegeu… afinal de contas também é a vontade popular que votou neste tratado, ou não?

O poder entregue aos representantes dos eleitores tem os seus limites, estes são representantes da vontade popular não substitutos. Não é viável que em matérias vitais para um país as opiniões das populações não sejam ouvidas ou respeitadas…

Assistimos a algo que se chama de imaturidade europeia, na qual os actuais políticos ainda não são capazes de resolver os actuais problemas europeus com frontalidade ou evitar futuras complicações.

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Saturday, June 09, 2007

Nouvelle Cuisine

Sei que cada pessoa tem as suas preferências, mas se há coisa que me chateia é ir a um restaurante passar fome e pagar muito... os especialistas da culinária chamam a isto Nouvelle Cuisine, mas eu, como simples cliente, chamo de roubo.

É verdade que a decoração dos pratos é algo bastante bem conseguida, porém não concebo que uma folha de alface enfeitada com tomate cereja e algum azeite seja uma refeição e que se pague um balúrdio pela mesma.

Sempre que observo algo parecido sinto-me tentado a informar as autoridades competentes...

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Thursday, June 07, 2007

Pedir factura?

Logo na minha primeira aula da faculdade foram-me enunciados 10 princípios básicos da economia e, entre esses, houve um que eu sempre achei bastante interessante: as pessoas reagem a incentivos.

No seu livro Freakonomics, Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, enunciam os 3 incentivos a que as pessoas respondem: monetários, sociais (não querem ser vistos a fazer algo errado) e morais (não ir contra a sua consciência).

Tem-se observado uma campanha do Governo para alertar os cidadãos a pedirem factura, para todo e qualquer serviço que lhes seja prestado. Os objectivos da campanha são a redução da economia paralela e aumentar a base de colecta de impostos.

O Governo usa esta campanha com dois objectivos, o moral (fazer o que está certo) e o monetário (argumentando que se todos pedirem factura os impostos não serão tão altos, a bem deste post não vou comentar este ponto).

Penso que existem três tipos de serviços:

1. Aqueles em que o incentivo monetário entra em conflito com o moral (alguns médicos, mecânicos, etc...), porque quem presta o serviço coloca as seguintes opções ao consumidor:

- Não quer factura – paga X;
- Quer factura – paga X + Y.

2. Outros em que é indiferente pedir ou não pedir factura (alguns restaurantes, cafés, etc...) porque as quantias são pequenas e não nos é dito que temos de pagar mais para ter factura;

3. Outros ainda existem em que o próprio Governo coloca incentivos mais visíveis, como é o caso das despesas dedutíveis no IRS.

Resta apenas saber se o incentivos moral e monetário para que o Governo alerta será suficiente para ultrapassar a indiferença ou para contrapor outros incentivos contrários.

A minha opinião é que esta campanha irá aumentar marginalmente o número de facturas emitidas, porém seria mais eficiente se os incentivos funcionassem todos no sentido de pedir factura.

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A questão anti-míssil

Os Estados Unidos (EUA), através do seu Presidente George W. Bush, pretendem instalar sistemas de defesa anti-míssil na República Checa e na Polónia.

O argumento seria proteger a zona de possíveis mísseis norte coreanos, iranianos ou de outras ameaças emergentes no Médio Oriente.

Os russos não se mostram satisfeitos com esta atitude e até ameaçam retirarem-se do tratado de não proliferação de armas nucleares. Estes temem um desequilíbrio de poder na região, um argumento que tenta ser refutado pelos EUA pela impossibilidade deste sistema em travar possíveis mísseis russos, devido à proximidade geográfica (justificação aparentemente válida).

Penso que primeiro de tudo, este é um sinal de que a via diplomática americana está a falhar (ou a perder força), a via armada deve ser o último reduto para a defesa dos interesses de qualquer país. Costuma-se dizer que é a falar que as pessoas se entendem, o mesmo se aplica às nações.

Esta iniciativa parece revelar um descuido dos EUA em relação à Rússia, era de prever que a Rússia tivesse uma reacção semelhante... afinal os Russos têm um grande interesse na região quanto mais seja não devido à sua proximidade geográfica.

A ideia de defesa anti-míssil por parte dos Estados Unidos já tinha levado os russos, na altura soviéticos, a temerem pelo seu poder de dissuasão e a envolverem-se em inúmeras iniciativas para superar este intento. A iniciativa de Reagan com a sua famosa "Guerra das Estrelas", onde um satélite no espaço destruiria os mísseis atacantes, foi, segundo alguns, o início do fim da União Soviética.

Embora este seja, aparentemente, um gesto de segurança, o facto é que deixa as nações inseguras por não confiarem na guarda dos EUA, podendo mesmo desencadear uma corrida aos armamentos.

A bem das relações internacionais espero que a diplomacia venha a desempenhar um papel mais proactivo e menos reactivo, principalmente em matérias sensíveis e que podem alterar o equilíbrio Mundial, como é o caso deste sistema anti-míssil.

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Sunday, June 03, 2007

Opiniões...

Faz hoje uma semana que o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou a uma emissora de televisão a renovação da sua licença, ou seja acabou com uma estação televisiva privada a RCTV.

Existe uma grande contestação em torno desta questão, e quanto a mim justificadamente, principalmente por estas razões:

  1. É uma televisão privada que consistentemente faz oposição ao presidente venezuelano;
  2. Tem uma cobertura televisiva a nível nacional;
  3. Já existe há 53 anos (a história também pesa).

Parece que não é a primeira vez que a RCTV tem problemas com o Governo venezuelano, tendo as suas emissões sido suspensas e retomadas embora por períodos de tempos mais curtos do que uma semana.

A RCTV foi agora substituída pela TVes, uma emissora televisiva de serviço público, cujo o único serviço que parece prestar é ao próprio dirigente venezuelano. Como poderemos ler aqui nas palavras do próprio "A TVes completa amanhã (domingo) sua primeira semana de vida e já nos enche de mensagens lindas, de paz, de esperança".

Contudo existem apoiantes que justificam esta decisão "como uma posição corajosa que finalmente acaba com corajosa decisão e meteu a mão na temível caixa preta das concessões para emissoras em sinal aberto", considerando ainda ser danosa a livre actuação dos meios de comunicação.

A livre actuação dos meios de comunicação é benéfica, especialmente numa democracia... é a liberdade de ideias e o seu debate que fazem as sociedades avançarem.

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Saturday, June 02, 2007

Problemas no Banco Mundial

Recentemente assistiu-se a um caso de corrupção numa organização internacional que deveria ter como objectivo o desenvolvimento Mundial, o Banco Mundial. Paul Wolfowitz, Presidente do Banco Mundial, foi forçado a apresentar a sua demissão a 30 de Junho de 2007, após se ter descoberto que tinha usado a sua influência pessoal para promoção e aumento do salário da sua namorada.

Um aspecto que quanto a mim sobressai neste caso é este senhor não ser o indicado para o lugar, além de não estar alinhado com o espírito e os objectivos do Banco não era uma pessoa honesta. Penso que seja legítimo perguntar se a escolha do Presidente (e principal representante da instituição) falhou redondamente será que a escolha dos outros elementos também é feita de uma forma tão leviana?

Algo que ainda vale a pena reflectir sobre este caso é a insistência que foi feita em tentar manter o agora presidente demissionário, tanto do próprio como do país que o nomeou (Estados Unidos)... a este nível não se pode esquecer, olhar para o lado ou mesmo desculpar, é necessário actuar!

Penso ainda ser irónico o facto de uma das vias pelas quais o Banco Mundial se propõe a alcançar o desenvolvimento Mundial ser através do combate à corrupção, contudo dentro da própria organização esta existir. Mais irónico ainda é prentender-se punir os países corruptos e querer esquecer a corrupção interna....

Penso que a própria estrutura do Banco Mundial é em si um problema que compromete os seus objectivos. Penso que detém uma forte componente política e por ter como principais clientes os governos está muito dependente das reformas que estes pretendem executar.

É do senso comum e também das organizações que se encarregam dos desenvolvimento que se deve dar atenção às pessoas menos favorecidas e criar estruturas que lhes permitam melhorar as suas condições de vida. Quando se trata de ajudar qual é o primeiro sector a que nos vem à memório? o agrícola, porque por norma são as pessoas do campo que passam maior dificuldade, porém existe uma classe de pessoas que ainda tem mais dificuldade: as pessoas que nem têm terra para cultivar...

Se após tantos anos de insucesso com as ajudas agrícolas, porque razão não experimentar outro caminho? bem sei que emprestar dinheiro aos agricultores é mais fácil, mas se já se sabe onde desagua esse rio, para quê persistir no erro?

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